O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Rei Carlos III celebram o 650º aniversário da Aliança Luso-Britânica
-O Serviço de Acção de Graças na Queen’s Chapel, em Londres, foi o culminar do Portugal-UK 650, a comemoração da mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor.
-O Tratado de Paz, Amizade e Aliança, assinado em Londres em 1373, foi exibido pelos National Archives.
Quinta-feira, 15 de junho de 2023
O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, e Sua Majestade, o Rei Carlos III, reuniram-se hoje para comemorar o 650º aniversário da Aliança Luso-Britânica, a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor e um marco sem precedentes na história da diplomacia.
O Serviço de Ação de Graças teve lugar na Queen’s Chapel1 , no Palácio de St. James, em Londres. À chegada, os dois Chefes de Estado foram recebidos por membros das Forças Armadas do Reino Unido e de Portugal, pelo Sub-Reitor da Capela, o Reverendo Cónego Paul Wright LVO, que dirigiu a cerimónia, e pela Presidente da iniciativa Portugal-UK 6502 , responsável pelas Comemorações, Maria João Rodrigues de Araújo.
A cerimónia religiosa contou com a presença de personalidades de relevo3 de ambos os países e incluiu leituras e um salmo em inglês e português, bem como música de compositores portugueses e ingleses4 , interpretada pelo Coro da Capela Real de Sua Majestade e pelo Coro do Queen’s College Oxford5 .
Esta cerimónia especial foi o culminar das celebrações do Portugal-UK 650, que tiveram início na Queen’s Chapel em 2019, uma capela que pertenceu à Rainha Catarina de Bragança, Rainha do Reino Unido aquando do seu casamento com o Rei Carlos II, tendo sido Rainha Regente de Portugal por duas vezes. Por cima do altar e na Galeria, o seu brasão, uma combinação das armas de Portugal e do Reino Unido, adorna orgulhosamente a capela.
Durante o seu discurso para a audiência, Maria João Rodrigues de Araújo6 , a força motriz das celebrações do 650º aniversário da Aliança Luso-Britânica, afirmou “Ao longo dos últimos quatro anos, o nosso objetivo tem sido celebrar a nossa história comum, escrevendo novos capítulos de amizade e cooperação. Realizámos investigação académica sobre a Aliança e promovemos os valores fundadores consagrados no artigo 1.º do Tratado de 1373: paz, amizade, verdade, fidelidade, constância, sinceridade, bondade e solidariedade. Em colaboração com 210 instituições, organizámos mais de 300 atividades e projetos em ambos os países e chegámos a milhões de pessoas. Esperamos que estes projetos e colaborações de longo prazo ajudem a cimentar os laços de amizade entre os cidadãos de ambas as nações, assegurando que a Aliança Luso-Britânica, a mais antiga aliança ainda existente, continue a prosperar”.
O Tratado de Paz, Amizade e Aliança A Aliança Luso-Britânica foi formalizada em Londres, a 16 de junho de 1373, pelo Tratado de Paz, Amizade e Aliança assinado entre o Rei Eduardo III de Inglaterra e o Rei Fernando I e a Rainha Leonor de Portugal, na sequência do Tratado de Tagilde, assinado um ano antes pelo Rei Fernando I de Portugal e os delegados de João de Gante, Duque de Lancastre e filho do Rei Eduardo III de Inglaterra. A aliança foi renovada pelo Tratado de Windsor de 1386 e por vários outros tratados ao longo dos séculos.
Uma cópia original do Tratado de Paz, Amizade e Aliança, assinado em 1373, que compromete as nações a uma “paz perpétua, amizade e aliança”, esteve em exposição na capela, cortesia dos National Archives. Para encerrar a cerimónia, a presidente de Portugal-UK 650, Maria João Rodrigues de Araújo,ofereceu aos dois chefes de Estado um prato comemorativo 7 desenvolvido em parceria com a Vista Alegre, a conceituada empresa portuguesa dedicada ao fabrico de porcelana, vidro e cristal. Inspirado no brasão de armas da Queen’s Chapel, o design do prato comemorativo homenageia o 650º aniversário da duradoura Aliança Luso-Britânica.
—– Notas aos editores
1Queen’s Chapel A Queen’s Chapel, que comemora 400 anos em 2023, foi a capela da Rainha D. Catarina de Bragança, que se tornou Rainha do Reino Unido após o seu casamento com o Rei D. Carlos II e que foi Rainha Regente de Portugal por duas vezes. Por cima do altar e na Galeria, encontra-se o brasão da Rainha Catarina de Bragança, que combina as armas do Reino Unido e de Portugal. Na Queen’s Chapel, Catarina de Bragança rezava com padres, frades e músicos portugueses. Os documentos descrevem a bela música tocada na sua capela e a sua especial devoção a Nossa Senhora. Aqui, foi influenciada pelo seu pai, D. João IV, exímio músico e compositor, que em 1642 proclamou Nossa Senhora da Imaculada Conceição como Rainha e Padroeira de Portugal, colocando a sua coroa aos pés da imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Coincidentemente, esta estátua foi trazida de Inglaterra pelo primeiro Duque de Bragança com a ajuda da Rainha Filipa de Lencastre, neta do Rei Eduardo III de Inglaterra, que se tornou Rainha de Portugal após o seu casamento com o Rei João I. Honrando estas ligações históricas, durante a cerimónia de hoje, o Coro da Capela Real de Sua Majestade interpretou “O Beata Maria” de Vicente Lusitano, um hino dedicado a D. Dinis de Lencastre, descendente da Rainha D. Filipa de Lencastre, e o Coro do Queen’s College Oxford interpretou “Salve Regina” de Diogo Dias Melgás, um compositor contemporâneo favorito da Rainha D. Catarina de Bragança.
2Sobre a Portugal-UK 650 “Portugal-UK 650” é a entidade responsável pela comemoração do 650º aniversário da Aliança Luso-Britânica, a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. A Aliança foi formalmente estabelecida pelo Tratado de Paz, Amizade e Aliança, selado em Londres, a 16 de junho de 1373, pelo Rei Eduardo III de Inglaterra e pelo Rei Fernando de Portugal. Esta aliança foi renovada no Tratado de Windsor de 1386 e em vários outros tratados ao longo dos séculos. A Portugal-UK 650 foi lançada na Queen’s Chapel no Palácio de St. James (Londres) em 2019. Desde então, foram organizadas mais de 300 atividades e projetos em ambos os países, em colaboração com 210 instituições, chegando a milhões de pessoas e criando um legado para as gerações futuras. O programa diversificado incluiu mais de 1500 artistas, 240 oradores e investigadores, 57 espetáculos e projetos artísticos com 14 estreias mundiais. Além disso, foram criados 16 recursos educativos bilingues e 10 edições de um livro de acesso livre com 30 novos artigos académicos, resultantes da conferência interdisciplinar de quatro dias, realizada em Braga, “650.º aniversário da Aliança Luso-Britânica: fazer o balanço do passado e perspetivar o futuro”. Ao longo das comemorações, a iniciativa Portugal-UK 650 teve como objetivo contribuir para um mundo melhor, promovendo, sobretudo junto das gerações mais jovens, os valores fundamentais do Tratado de Aliança: os valores da paz, da amizade, da verdade, da fidelidade, da constância, da sinceridade, da bondade e da solidariedade. O artigo 1º do Tratado entre Portugal e Inglaterra de 1373 estabelece que: “De agora em diante haverá entre nós verdadeira, fiel, constante e perpétua paz e amizade, união e aliança e ligação de sincero afeto”. Ao estabelecer projetos e colaborações de longo prazo que continuarão para além destas celebrações, a iniciativa Portugal-UK 650 lançou as bases para que os laços e a amizade entre os cidadãos de ambas as nações continuem a florescer, assegurando assim que a Aliança Luso-Britânica continue a prosperar de geração em geração. Algumas das instituições que estiveram ativamente envolvidas nas celebrações incluem a Universidade de Oxford, o British Council, o English National Ballet, o Jubilee Centre for Character and Virtue da Universidade de Birmingham, a Guildhall School of Music and Drama, os National Archives, a Universidade do Minho, o IEP-UCP, a Câmara Municipal de Braga, a Câmara Municipal de Vizela e o Museu da Misericórdia do Porto, entre outras.
3Presenças adicionais A cerimónia contou também com a presença de João Gomes Cravinho, Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, e de James Cleverly, Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido. Estarão também presentes Nuno Brito, Embaixador de Portugal no Reino Unido, Christopher Sainty, Embaixador do Reino Unido em Portugal, e Rosa Batoréu, Embaixadora de Portugal na UNESCO. A eles juntaram-se o General Nunes da Fonseca, Chefe do EstadoMaior-General das Forças Armadas de Portugal, e S.A.R. os Duques de Bragança e de Wellington. O evento contou, igualmente, com a participação dos estimados parceiros da iniciativa Portugal-UK 650, incluindo a Taylor’s Port, a Delta Cafés, a Symington, a SRS Legal, a Legandary People & Ideas, a CVA, a Universidade de Oxford, o English National Ballet e os National Archives.
4Compositores William Byrd, falecido há quatrocentos anos (1623), foi o mais eminente compositor pertencente à família de Isabel I, tendo sido organista da Capela Real de Sua Majestade. O seu hino celebrativo Sing joyfully pode ter sido escrito em honra de James I, dada a proeminência que Byrd dá ao nome “Jacob” na secção final da peça. Diogo Dias Melgás: como muitos dos melhores compositores portugueses dos séculos XVI e XVII, recebeu a sua formação musical na Sé de Évora e continuou a servir a catedral – como mestre dos coristas e depois mestre de capela – durante o resto da sua carreira. A sua composição da Antífona Mariana Salve Regina é uma das obras portuguesas mais expressivas da época. Lusitano: Nascido em Olivença, c. 1520, publicou em Roma, em 1551, o seu Liber Primus Epigramatum, do qual foi extraído o moteto “O Beata Maria”. O autor da coleção foi o seu patrono Dinis de Lencastre, cujo nome de família é uma tradução portuguesa do apelido da sua antepassada, Phillipa de Lancaster (Filipa de Lencastre), a filha de João de Gante que se tornou Rainha de Portugal em 1387. Compositor, professor e teórico de renome, Lusitano converteuse ao protestantismo e viajou para a Alemanha por volta de 1561, data a partir da qual os registos são silenciosos. Descrito como “homem Pardo” pelo seu primeiro biógrafo, Lusitano é o primeiro compositor racializado como negro que se sabe ter imprimido as suas obras na Europa.
5Coros que atuaram no Serviço de Ação de Graças O Coro da Capela Real de Sua Majestade estabeleceu-se plenamente no reinado de Henrique V (1413-1422), e as suas funções atuais são essencialmente as mesmas que têm sido durante séculos: cantar serviços regulares na capela da casa do monarca, e assistir ao monarca em serviços e outros eventos, conforme ordenado, mais recentemente na Coroação de Suas Majestades o Rei Carlos III e a Rainha Camila. Quase todos os principais compositores de música inglesa, desde o período Tudor até ao período Georgiano, foram membros da Capela Real de Sua Majestade, incluindo Tallis, Byrd, Gibbons, Tomkins, Purcell e Handel. Um dos coristas, cuja família é de Portugal, cumprimentou os Chefes de Estado de ambos os países. O Coro do Queen’s College de Oxford é um dos coros universitários mais ativos do Reino Unido. A sua extensa agenda de concertos envolve atuações em todo o Reino Unido e no estrangeiro, e tem atuado em Portugal regularmente ao longo de muitos anos, incluindo em 2022 com um significativo contributo para os eventos das celebrações dos 650 anos de Portugal-UK 650. O vasto repertório do coro inclui uma rica variedade de música renascentista e barroca e obras contemporâneas. O grupo emite regularmente para a BBC Radio e, durante o ano letivo, fornece a música para os serviços na capela do Queen’s College. As gravações do Queen’s Choir vão desde a música do compositor Tudor John Taverner, passando por obras de Handel e Bononcini (o rival londrino de Handel), até novas encomendas.
6Maria João Rodrigues de Araújo A força motriz de Portugal-UK 650 tem sido Maria João Rodrigues de Araújo, que lidera a iniciativa desde o seu início. Tem demonstrado uma dedicação inabalável ao sucesso das celebrações, conduzindo-as através dos desafios colocados pela pandemia e pelas oito mudanças de governo em ambos os países. É apoiada por um Comité de Coordenação constituído por funcionários governamentais bilaterais e dois presidentes de Câmara, bem como por uma Equipa Executiva composta por membros da sociedade civil de ambos os países. Maria João Rodrigues de Araújo é investigadora em Música na Universidade de Oxford. É doutorada em Filosofia da Música pela Universidade de Oxford, Christ Church College. Possui também um Bacharelato em Música (BMus Hons) pela Universidade de Londres (King’s College London e Royal Academy of Music) e uma Licenciatura em Ciências Musicais pela Universidade Nova de Lisboa, Portugal. As suas funções anteriores incluem o cargo de investigadora sénior da Royal Opera House na Universidade de Oxford, membro da direção da RESEO – Rede Europeia para o Ensino da Música, Ópera e Dança em Bruxelas, e professora convidada em várias universidades europeias e americanas. Desempenhou também o cargo de Diretora de Educação e Investigação na Casa da Música no Porto, onde supervisionou a investigação, educação, publicações, exposições, tecnologias musicais e arquivos, gerindo cerca de 2000 eventos anuais. Para além disso, Maria João Rodrigues de Araújo desenvolve um extenso trabalho humanitário como Presidente Internacional da ANDI-New Dialogue Organization e possui os títulos de Dama da Ordem de Malta (Ordem Soberana e Militar Hospitaleira de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta) e Dama da Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém.
7Prato comemorativo desenvolvido em parceria com a Vista Alegre: Aliança 650 O Prato comemorativo é inspirado no brasão de armas que se encontra na Queen’s Chapel, no Palácio de St James em Londres. A Queen’s Chapel foi a Capela privada da Rainha D. Catarina de Bragança, esposa do Rei Charles II do Reino Unido. O brasão neste prato combina as armas de Portugal e do Reino Unido rodeadas por rosas brancas e vermelhas, e rosas Tudor. A Rosa Tudor (com cinco pétalas vermelhas e cinco pétalas brancas) é o emblema floral heráldico da Inglaterra, usado pelos Monarcas do Reino Unido, e o seu nome deriva da Dinastia de Tudor que uniu a Casa de Lencastre (cujo emblema é a Rosa Vermelha) e a Casa de York (cujo emblema é a Rosa Branca), pondo fim à ‘Guerra das Rosas’. A Vista Alegre certifica que Aliança 650, prato com 30 cm x 23,3 cm, com elementos de pintura manual, é uma edição especial limitada a 195 exemplares.
Para informações sobre Portugal-UK 650, p.f. contacte: Portugal Maria João Quintela + 351 927 638 943 mjq@cunhavaz.com Reino Unido Monica Martin Roig +44 7949 689 524 monicamr@lansons.com
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